terça-feira, 27 de outubro de 2009

Viver nos Trilhos...

Estava passeando pelo Blog e encontrei uma frase que me fez refletir coisas do passado, coisas que me fizeram ver a vida de forma diferente, coisas que me libertaram...

"Subi correndo no primeiro bonde, sem esperar que parasse, sem saber para onde ia. Meu caminho, pensei confuso, meu caminho não cabe nos trilhos" de Caio Fernando Abreu.

Me vieram memórias de um tempo muito distante onde eu acreditava ser importante viver nos trilhos. Um dia, veio um pensamento me dizendo que os trilhos não existem para que andemos sobre eles, de fato, e sim para sabermos que podemos ir a algum lugar, e que tenho algum lugar para onde voltar, e esse mesmo trilho serve para me guiar se eu "fracassar" e desistir de buscar o diferente, o novo, o inusitado, o misterioso... Mesmo não querendo desistir de nada, e sempre estar buscando o "Tudo", é acolhedor saber que tenho para onde voltar mesmo que eu não queira e nem pretenda fazê-lo.

É evidente que ainda não estou totalmente liberta, e que tenho muito a aprender sobre os trilhos, e também sobre subir no bonde sem esperar parar, mas não me deixo ficar somente no mesmo, somente com o que vem, preciso ir e esse ir significa ir sem rumo, sem direção, portanto, sem TRILHOS... rsrs

O confuso faz parte da vida, da minha vida... Ai que bom é poder viver assim... Perdida e encontrada tentando seguir uma vida sem morada e mesmo assim não deixando de ser trilhada!!!

Bye,




quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Clarice em Cena

Ontem estava muito ansiosa para ver a peça "Clarice em Cena", que na verdade a diretora Paula Carrara chama de exercício pois está em constante transformação e sempre podemos perceber de formas diferentes (acho que foi isso que entendi... rs) e tive a oportunidade de apreciar o exercício que é feito pelo grupo Ausência em Cena. Fiquei muito feliz e por isso gostaria de parabenizá-los pelo belíssimo trabalho que é desenvolvido por eles.

Adorei ver o que foi feito ontem e fiquei maravilhada com a atuação dos atores, com a forma com a qual se entregam ao personagem, à Clarice.

Uns me chamaram mais a atenção porque talvez eu tenha me identificado mais, porém gostei muito do conjunto, do todo.


"Ausência em Cena: acossados pela duração e implacabilidade do tempo, a cena torna-se o lugar onde o instante quer fazer-se perpétuo; quer, na sua finitude, perdurar dentro de quem testemunha a aparição dessa ausência-presença. Nós, arquitetos desse paradoxo, temos como instrumento o nosso corpo: é ele que damos a sacrifício para a dissolução do instante (nós somos um corpo – quem de fato é dado a sacrifício?) Compomos gestos insensatos, fungindo à razão, encontrando a loucura; buscamos o ser-corpo. É nele que existimos. E a existência habita o lugar onde despertamos os sentimentos numa iluminação em via dupla, ausente de quarta parede – ausentes de nós. Ser-somente corpo"
Ausência em Cena - Blog

Ia comentar outras coisas agora, porém ao ler a descrição acima, me percebi em meio a pensamentos flutuantes que me levaram a um tempo remoto onde lia a Hora da Estrela e que no momento da leitura nada fazia muito sentido pra mim, ficava me perguntando o por que essa mulher (Lispector) era tão bem vista e elogiada por seus escritos, realmente não conseguia entender... Mas sempre seu nome me suscitava algo que não era decifrado por mim... E ontem, consegui perceber. Era simplesmente o fato de que podemos sentir, saborear, perceber e mergulhar nas coisas de forma diferente, mas que o que realmente importa é justamente como faremos isso, como essa transformação constante pode ser alterada de forma positiva, algo que seja ao nosso favor...

Sempre levando em conta a minha ausência posso me perceber melhor e isso me fez lembrar da fala de uma psicóloga sobre o paciente ter mencionado que ela (psicóloga) conseguia fazer com que ele entrasse e saísse de si mesmo. Que mágico!!!! É isso, o poder olhar-se, permitir-se ser olhado e também se olhar sempre, coisa que nós temos feito cada vez menos e ao ler Clarice você acaba fazendo esse exercício se estiver pronto para ele. Para ler Clarice é interessante estar com a alma já formada, embora nunca saiamos os mesmos depois de ler qualquer obra com profundidade!

Só tenho a agradecer, de fato, por essa oportunidade de poder sentir dessa forma algo que começou há tantos anos, e que mexeu de forma considerável com os meus pensamentos e sentimentos e que lamentavelmente nem me lembrava mais!

Valeu, muito obrigada "Ausência em Cena".





Para quem quiser ler mais sobre eles: http://ausenciaemcena.blogspot.com/

Bye,

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O Tempo

Oração ao tempo

“...Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo
...E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo

...Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo”


Essa letra de Caetano Veloso é muito pertinente!!!

Há pouco mais de um mês fui assistir uma peça de teatro que falava sobre o tempo; dos dias, das horas, além da pedra durante todo o processo histórico.
O nome da peça é “O calendário de pedra” de Denise Stoklos . A interpretação dela me comoveu profundamente e me fez refletir sobre o assunto, assim como me inspirou, de certa forma, a escrever essas linhas.

No decorrer da peça, através da interpretação da atriz percebemos o quanto de nós está naquela personagem; o como vivemos daquela forma e nem nos damos conta disso, o quanto nos deixamos envolver por coisas que são tão pouco importantes para o nosso processo de individuação (situação em que nos tornamos nós mesmos, inteiros, indivisíveis e distintos dos demais ou da psicologia coletiva mesmo tendo relação com ela) e toda a nossa vivência.

Durante as várias falas da atriz (a peça é um monólogo), pensava: como somos tolos, vivemos em função do tempo e dos outros!! Afinal, era isso mesmo que o espetáculo queria mostrar e provocar!!

Pensei: Nós não aproveitamos o que de fato o tempo nos dá, que na verdade é a possibilidade de viver, apenas viver, sentir, e não só sobreviver. Estar aqui e fazer coisas que sempre nos leva a “posições” de todas as espécies é viver como escravos do tempo da pior maneira possível. Ainda a tempo de refletir e fazer diferente, fazer a diferença. Podemos viver o tempo de maneira mais gostosa, mais real e menos voltado pelos valores impostos.

Em um dado momento da peça Stoklos cita o filósofo Sócrates: “Só sei que nada sei”. E também uma frase sobre a morte: “A morte é a única certeza que temos, só que não sabemos quando acontecerá”. Essas duas frases me fizeram pensar sobre as verdades. Será que posso pensar que ao compreender essas duas frases poderei viver mais feliz, em busca de algo que não sei e nem preciso saber o que é?!

Ficou evidente no espetáculo a necessidade que temos de aprender, e absorver o quanto antes tudo aquilo que se faz importante aos olhos da sociedade, aos olhos do sistema em que vivemos. Assim, por um lado a informação nos torna escravos, e no mundo em que vivemos, cada vez mais, nos vendem a idéia de que precisamos dela, por outro o que necessitamos de fato é de formação humana, para inclusive entender como desperdiçamos o tempo precioso.... Como lembra a letra de Lenine tocada em certa parte da peça: “... O tempo é tão raro... Será que temos esse tempo todo pra perder?”.

O personagem interpretado por Stoklos não olhava para si profundamente, senti falta de uma introspecção maior e isso me deixou com uma sensação de tristeza e frustração ao mesmo tempo, pois sei que nos dias atuais as pessoas realmente se olham cada vez menos. Nesse sentido, a personagem e as reflexões de Stoklos são reais, e por isso incomodam tanto. O que mais importa hoje é sempre o que temos e não o que somos!


Bye

domingo, 12 de julho de 2009

Resistência


Bom, a minha ausência nesse espaço se deu por pura falta de inspiração...

Decidi colocar aqui uma citação do livro Resistência - A história de uma mulher que desafiou Hitler que estou lendo e achando bárbaro... Logo no prefácio (de Marina Colasanti) tem algo muito interessante sobre a condição da "Mulher", gostaria de compartilhar:

"No imediato pós-guerra, uma peça fez sucesso na Itália. Chamava-se Le donne hanno perduto la guerra. Eu não tinha nem dez anos, mas lembro claramente da intensidade com que minha mãe e os adultos a comentavam, e o título gravou-se em mim. As mulheres sempre perdem a guerra. Não a querem, mas a perdem. Perdem quando estão no caminho dos exércitos e se tornam botim. Perdem quando batalham em silêncio nas cidades esvaziadas dos seus homens, para manter sólida a retaguarda e conservar a ordem do país. Perdem quando recebem seus homens num caixão ou quando eles voltam com o equilíbrio despedaçado. Perdem quando se apaixonam pelo inimigo e quando o inimigo se apaixona por elas".

Gostaria de pensar a perda que a mulher tem... O que seria essa perda? Somente de seu homem? Por que perdem a guerra em silêncio quando batalham nas cidades esvaziadas dos seus homens? Parece-me uma visão muito reducionista da mulher olhando num primeiro momento, mas acredito que não foi isso o que a Colasanti quis passar, porém foi isso que senti ao ler esse trecho, por que será? A perda na guerra é eminente com certeza, não só a mulher perde, mas todos nós. A guerra é a coisa mais estúpida que pode existir na terra... Luta pelo poder dominante que fere e mata!!

Outro dia escrevi algo muito pessoal e informal ao responder um e-mail sobre um artigo de Frei Betto (A difícil arte de ser mulher) no qual coloquei uma coisa que fez muito sentido pra mim naquele momento e ao ler esse trecho de Colasanti, lembrei-me imediatamente:

É lamentável olhar para as pessoas e perceber que cada vez mais caminhamos para um mundo onde só o que importa são questões tão pouco ou nada reflexivas (subjetivas)... A mulher não ocupa um lugar de igualdade, e a igualdade que ela busca não é a mesma que a sociedade permite, se é que permite... As coisas são sempre muito veladas e isso me causa um desconforto imenso, mas as questões de gênero podem mudar, afinal acredito na dialética. Quem sabe a cultura (valores) se transforme e tenhamos uma realidade bem diferente algum dia?


O livro fala sobre a história de uma mulher que desafiou Hitler, a historiadora de artes Agnès Humbert, que não se deixou abater pela opressão. Ela relata seus momentos desde a tomada de Paris até o momento no qual ela é liberta... Fascinante... Vale a pena ler!!! Assim como ela, tantos outros nomes foram importantes e de certa forma decisivos nessa parte da história mundial, assim como na nossa história, pois o Brasil também vivia uma época difícil com a ditadura Vargas e logo a censura, onde vários profissionais das mais variadas áreas de atuação sofreram algum tipo de "violência" e/ou foram exilados. Poderíamos simplesmente falar sobre outros pontos fortes da mulher num momento como esse de extrema fragilidade humana, ela é forte e sagás, luta como ninguém para defender seus entes, a mulher sofre, porém não desiste, sonha, tem esperança e isso me faz lembrar outro trecho que li, esse já de Agnès (Humbert, p. 82):

"Fui interrogada pelo promotor, que alegou querer me conhecer antes do julgamento. Fez grandes elogios às mulheres francesas e me disse que, se o Exército francês contasse com mulheres em vez de homens, os alemães jamais teriam entrado em Paris. Minhas lembranças são tão claras que posso escrevê-las seguindo uma ordem rigorosa. Praticamente cada uma dessas páginas está ilustrada com uma imagem bárbara. Muitas mulheres, milhares e milhares de mulheres, viram as imagens que vou descrever".

Contudo o que quero é demonstrar a minha indignação por termos tão poucas mulheres (pessoas) com a força e a determinação dessa mulher que foi a Agnès Humbert, que não desistiu um só minuto de lutar por aquilo em que acreditava, acima de tudo pela liberdade! Porém, fica aqui um exemplo de vida, um exemplo de coragem e acima de tudo um exemplo de mulher!!!!






Para quem quiser:

Resistência: A história de uma mulher que desafiou Hitler; Agnès Humbert; Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

O Prefácio (A silenciosa força das mulheres) é de Marina Colasanti

Boa leitura,
Bye

domingo, 5 de abril de 2009

Olhar


Nos últimos dias me peguei pensando em como as primeiras impressões que temos quando vemos algumas coisas são levadas em conta, e isso me levou a pensar a questão do olhar, do sentir a energia do outro. Digo isso pois até mesmo aquele que não pode enxergar (fisiologicamente) tem primeiras impressões de tudo, tanto quanto nós, só que de forma diferente. E dessa maneira acabei pensando uma infinidade de coisas e tentei unir tudo nesse escrito. Espero que entendam e gostem.

No Aurélio encontraremos a seguinte definição: v. t. 1. Fitar os olhos ou a vista em; mirar. 2. Atentar ou reparar em. 3. Tomar conta (de). 4. Zelar por. Int. 5. Exercer ou aplicar o sentido da vista. P. 6. Ver-se, encarar-se. 7. Ver-se mutuamente. sm. 8. Ação ou modo de olhar.

É sabido que desde os primeiros dias de vida a criança já começa a se relacionar com o mundo através do olhar e do choro. Existem estudos que dizem que o recém nascido não tem uma visão clara e precisa do que acontece a sua volta, a criança nos enxerga apenas como vultos. Mas mesmo a criança não enxergando nitidamente como nós adultos, ela percebe o ambiente em que está e tudo a ajuda a melhor compreender as coisas a sua volta, como por exemplo, o som que ouve. Com o passar dos dias, meses, a visão da criança vai se adaptando ao ambiente e ela vai começar a perceber o local, as pessoas e principalmente sua mãe. Depois de mais algum tempo a criança começa a reproduzir aquilo que vê através de gestos, expressões e depois sons também. Vejo o olhar para a criança como ‘PODER PERCEBER E TORNAR-SE PARTE DO MUNDO’.

Assim sendo, penso que o olhar tem outra função para nós adultos, desde o momento que passamos a ter uma visão mais julgadora. Essa outra visão acontece necessariamente quando começamos a interagir com o outro por meio da família e também quando passamos a ter uma visão mais crítica da realidade, a partir do momento que entramos na escola, começamos a usar o olhar de outra forma. Começamos, por meio dele, a buscar analisar, pré-julgar e uma série de outras interpretações que se pode imaginar. Contudo, o olhar vai se tornando cada vez mais importante e também por que não dizer perigoso na vida de cada indivíduo. Por que perigoso? Por uma série de fatores. Através do olhar podemos inferir muitas coisas, podemos cometer muitos acertos mas também erros de percepção. Neste caso, vejo o olhar como uma ‘ESTRADA DE MÃO DUPLA’ e isso faz conotação com coisas boas e ruins. Porém, quero falar do lado bom e positivo do olhar. Daquele momento em que olhar se torna a ação mais simples e gostosa do ser humano. Momento esse onde posso contemplar tudo o que é belo, tudo o que é palpável e também tudo o que é subjetivo, introspectivo, ‘TUDO’ o que está dentro de nós.

O olhar promove o conhecer, o acrescentar ou não algo a sua vida e isso tudo é muito relativo. Depois do horizonte sempre existe uma nova paisagem.

No entanto, existe uma diferença muito grande entre enxergar e simplesmente ver. Exemplo disso é o que nos diz Saramago em seu livro “Ensaio sobre a cegueira”, onde ele usa metaforicamente a cegueira para elucidar que não basta ter olhos e a visão, tem que enxergar além do que se vê. Precisa haver compreensão e interpretação daquilo que se vive, que se olha, tudo o que se sente, seja de qual natureza for.

Existem várias formas de se ver. O que vejo de um jeito, você poderá ver de outro. Se por um lado isso acaba enriquecendo qualquer tipo de trabalho, não podemos deixar de levar em consideração que há também as percepções profundamente preconceituosas que levam a várias formas de discriminações sociais e culturais. Nesse sentido, o que deveria prevalecer levando em conta as diferentes formas de visão seria a postura crítica, ética e respeitosa com relação ao outro.

Mas na verdade comecei falando sobre as primeiras impressões, e essas para mim, fazem parte do olhar. Com isso também posso pensar em sensações, sentimentos que o sujeito observado me transmite e até mesmo as sensações que ele desperta em mim, ou seja, para compor um olhar usamos vários processos psíquicos, passamos por diversos momentos introspectivos, e disso nascem as impressões. Essas impressões acabam dizendo muito sobre você também, muito sobre o tipo de vida que tem, da sua vivência cultural, e isso tudo é muito complexo porque esbarramos em questões muito mais profundas e muito mais significativas que as simples "Impressões". Falamos de questões interiores que dificilmente entraremos em contato direto, consciente. Podemos falar ainda sobre as projeções, mas isso acredito ser tema para um próximo escrito rsrs, pois esse aqui está ficando muito longo.


Bye

quarta-feira, 11 de março de 2009

Zero?


Hoje quando acordei pensei sobre o que escreveria no meu próximo texto, então acabei lendo uma frase que me fez refletir sobre muitas coisas e gostaria de falar sobre isso aqui. A frase que me inspirou foi essa:

“Se olharmos para o zero vemos o nada. Mas se olharmos através dele, descobrimos o mundo.” Robert Kaplan

Como posso olhar um zero e descobrir o mundo? Como posso imaginar que um mundo se esconde por trás de um zero? Questões muito simples, desde que estejamos abertos à reflexão.

Posso enxergar tudo àquilo que me permito ver, tudo aquilo que faz sentido pra mim. Quando li o “zero” para representar o nada inicial, pensei em janela, pensei ainda em espaço, vazio, escuro e seria possível pensar em uma infinidade de coisas ainda, porém gostaria de refletir sobre essas que levantei primeiro.

De forma decrescente, falarei primeiro sobre o ESCURO. Palavra que me remete ao nada, porém ao tudo. No escuro se escondem os medos mais profundos de um ser. Lá temos medo de entrar, temos medo de tornar claro aquilo que nos atormenta, aquilo que nos faz sofrer (inconscientemente). Isso vem desde os tempos de criança, pode parecer babaca, infantil, mas sempre foi assim, ainda é e sempre será. As pessoas fogem o tempo todo de sua escuridão, de sua mais profunda verdade, e não digo verdade aqui como VERDADE absoluta, digo no sentido de se esconderem de si mesmas, de tentar esconder, mesmo que inconscientemente, algo que é delas, que faz parte de sua história, a sua verdade.

O VAZIO me faz pensar em “zero”, consequentemente, em nulo e em nada, espaço que não está preenchido e aquilo que é nulo, para mim, não poderá jamais tornar-se algo diferente disso. Porém Kaplan mostra outra coisa, que através de um olhar diferente temos a oportunidade de preencher esse “zero”, de preencher esse vazio, basta querermos e nos permitir. Mas na verdade, não existe esse vazio, não existe “zero”, é preciso você se conhecer e se permitir para encontrar o outro lado, a visão de algo que estava escondido e saber interpretar tudo isso. Você precisa desvendar o VAZIO, o que me levou a pensar em inconsciente, em Freud. Lembrei dos sonhos, das verdades sobre os conteúdos latentes e manifestos, conteúdos recalcados, subjetividade, enfim, uma série de termos e teoria que já li. O VAZIO, de fato, não existe para mim. Acredito numa busca constante, busca por algo que não sei o que é, porém algo que me move que me faz viver e sinto essa necessidade, mas sinto também que as respostas, se não todas, mas a maioria estão dentro de mim e não fora.

O ESPAÇO é aquele lugar onde posso vir a colocar algo que seja legal pra mim, algo que eu goste muito, algo que faça sentido na minha vida. A princípio, quando se pensa em ESPAÇO pode-se dizer que ele é vazio, que ele é receptor, podendo assim negar a possibilidade de já existir algo nesse mesmo ESPAÇO. Ora, para mim não existe ESCURO sem nada, VAZIO sem nada e muito menos ESPAÇO sem nada, não posso desconsiderar o existir anterior. Muito pelo contrário, é justamente nesse conjunto de palavras que se encontram as coisas mais profundas, as coisas mais intensas e até confusas de uma vida inteira. Ali existem conteúdos seus e que podem habitar qualquer espaço que você quiser e permitir.

A JANELA é o novo, a possibilidade de fazer parte daquilo que se vê para além da JANELA. O momento decisivo, pois eu posso até ver o que tenho depois da JANELA, porém não preciso encarar o que vejo, não preciso vivenciar a vida do outro lado da janela. Muitas vezes não tenho coragem para isso. Posso deixar as coisas como estão por preferir não viver a angústia. Tento sufocar pensamentos, sentimentos e tudo aquilo que julgo ruim para mim em algum sentido. Essa escolha em ultrapassar a JANELA ou não, muitas vezes é totalmente inconsciente, é uma maneira de tentar não entrar em contato com o desejo, com a vontade, acabando assim, por não entrar em contato com você mesmo.

O saber olhar é algo muito importante, algo determinante. Posso encarar a vida como uma brincadeira e somente viver sem nenhum compromisso comigo, ou posso tentar compreender algumas coisas que fazem de mim um ser que pode pensar e refletir sobre a condição humana, consequentemente, sobre a minha condição. Somos cheios de virtudes e com elas podemos tentar melhorar a nossa visão de mundo, visão de homem e com isso olhar para fora, porque é importante ver e perceber o que acontece por aqui, porém mais importante ainda é poder olhar para dentro de si e saber o que acontece com você, porque só assim poderá ser uma pessoa diferente, e só assim poderá ultrapassar a JANELA.

Resumindo esse assunto, ao ler esta outra frase do meu amigo Nietzsche quando ele fala em “ovos de ouro” fiquei a pensar que esses ovos seriam justamente as descobertas que fazemos durante nossa vida, sendo tudo aquilo que aproveito no mundo, para o mundo e posso trocar com o OUTRO diante de qualquer situação e isso para mim acaba falando muito sobre a nossa subjetividade.

“... O que eu amo é uma virtude terrena, pouca prudência há nela e também não possui muito da razão universal. Esse pássaro, porém, construiu seu ninho em mim. Por isso o amo e o aperto em meu peito. Agora incuba em mim seus ovos de ouro.” Nietzsche.


Bye

sábado, 7 de março de 2009

Caos, Frenesi & Ilusão

Bom, por que exatamente fazer um blog a essa altura do campeonato??? rsrs Também não sei e as coisas não precisam ter tanta explicação assim, porém pensando agora sobre isso, acredito que decidi fazê-lo porque escrever sempre foi algo que gostei muito e há um tempão não o fazia... Agora quero fazer com um pouco de excelência... rs


Vou explicar o título do blog: "Caos, frenesi & Ilusão". Esse título que mais parece confusão, é um conjunto de acontecimentos, sentimentos e sensações que percebo e que você também é capaz de perceber, basta querer ver. Tudo é uma questão de ponto de vista e também de se permitir enxergar novos horizontes, novas vidas, novas pessoas e não se enganar com coisas fúteis e sem tanta importância. O homem é um ser em constante transformação e conflito, sem esse conflito é impossível viver (caos). Somos pegos por sentimentos de delírio, desvario, excitação ou até mesmo agitação e com isso passamos a olhar as coisas de forma diferente, existe aí uma transformação, uma resignificação de coisas que nos fazem 'feliz' (frenesi). Aí então percebemos algumas coisas que não parecem reais, que não parecem fazer parte, mas ao mesmo tempo fazem parte e isso é nítido aos nossos olhos, é uma confusão... Damos importância à coisas que não mudam nossa vida em nada, mas que por fazerem todo o sentido, nos iludimos, nos permitimos... E isso acontece em diversos campos... Agora falo do AMOR... O amor é uma grande ilusão, mas a vida também é... Só que defendo essas ilusões porque nos fazem ser quem somos e viver a nossa vida de forma mais intensa e também faz com que enxerguemos algum sentido para a vida em si, a ilusão não necessariamente é ruim, ela vem em muitos sentidos nos salvar do 'mundo cruel' (ilusão).


Resumindo, "É preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." do meu amigo Nietzsche... rsrs

E assim, sinto hoje que comecei uma nova etapa da minha vida... Que coisa rs...
E como tudo anda e não pode parar, estarei aqui postando o meu caminhar.
Dessa forma, é sempre tempo de ir!!!

Bye