Ontem estava muito ansiosa para ver a peça "Clarice em Cena", que na verdade a diretora Paula Carrara chama de exercício pois está em constante transformação e sempre podemos perceber de formas diferentes (acho que foi isso que entendi... rs) e tive a oportunidade de apreciar o exercício que é feito pelo grupo Ausência em Cena. Fiquei muito feliz e por isso gostaria de parabenizá-los pelo belíssimo trabalho que é desenvolvido por eles.
Adorei ver o que foi feito ontem e fiquei maravilhada com a atuação dos atores, com a forma com a qual se entregam ao personagem, à Clarice.
Uns me chamaram mais a atenção porque talvez eu tenha me identificado mais, porém gostei muito do conjunto, do todo.
"Ausência em Cena: acossados pela duração e implacabilidade do tempo, a cena torna-se o lugar onde o instante quer fazer-se perpétuo; quer, na sua finitude, perdurar dentro de quem testemunha a aparição dessa ausência-presença. Nós, arquitetos desse paradoxo, temos como instrumento o nosso corpo: é ele que damos a sacrifício para a dissolução do instante (nós somos um corpo – quem de fato é dado a sacrifício?) Compomos gestos insensatos, fungindo à razão, encontrando a loucura; buscamos o ser-corpo. É nele que existimos. E a existência habita o lugar onde despertamos os sentimentos numa iluminação em via dupla, ausente de quarta parede – ausentes de nós. Ser-somente corpo"
Ausência em Cena - Blog
Ia comentar outras coisas agora, porém ao ler a descrição acima, me percebi em meio a pensamentos flutuantes que me levaram a um tempo remoto onde lia a Hora da Estrela e que no momento da leitura nada fazia muito sentido pra mim, ficava me perguntando o por que essa mulher (Lispector) era tão bem vista e elogiada por seus escritos, realmente não conseguia entender... Mas sempre seu nome me suscitava algo que não era decifrado por mim... E ontem, consegui perceber. Era simplesmente o fato de que podemos sentir, saborear, perceber e mergulhar nas coisas de forma diferente, mas que o que realmente importa é justamente como faremos isso, como essa transformação constante pode ser alterada de forma positiva, algo que seja ao nosso favor...
Sempre levando em conta a minha ausência posso me perceber melhor e isso me fez lembrar da fala de uma psicóloga sobre o paciente ter mencionado que ela (psicóloga) conseguia fazer com que ele entrasse e saísse de si mesmo. Que mágico!!!! É isso, o poder olhar-se, permitir-se ser olhado e também se olhar sempre, coisa que nós temos feito cada vez menos e ao ler Clarice você acaba fazendo esse exercício se estiver pronto para ele. Para ler Clarice é interessante estar com a alma já formada, embora nunca saiamos os mesmos depois de ler qualquer obra com profundidade!
Só tenho a agradecer, de fato, por essa oportunidade de poder sentir dessa forma algo que começou há tantos anos, e que mexeu de forma considerável com os meus pensamentos e sentimentos e que lamentavelmente nem me lembrava mais!
Valeu, muito obrigada "Ausência em Cena".
Para quem quiser ler mais sobre eles: http://ausenciaemcena.blogspot.com/
Bye,
Fantástico o que sussitou em vc o espetáculo.
ResponderExcluirEu sou fascinada também, trabalho muito criativo que deve continuar enquanto der pé!
legal re, legal!
bjão
Muito legal esse olhar que vem de fora e invade o núcleo transformando os sentidos!
ResponderExcluirVc é muito especial, é por isso que foi provocada por esse estranhamento e aceitou, assim como se aceita a vida.
Muito obrigado pela fala maravilhosa que vc tem!
Rocha.
Pois é, a Clarice tinha uma varinha mágica quando ela escrevia, e até hoje consegue tocar fundo na gente. :))
ResponderExcluirtá na hora de postar um novo texto...bjo gde :)
ResponderExcluirQue bom poder ter esse retorno, esse sentir só é possível quando nos deixamos envolver, como disse Clarice: "Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
ResponderExcluirOu toca, ou não toca".
Valeu Renata!
Nádia
Primeiro, quero mais posts. Segundo, seguem meus novos contatos.
ResponderExcluirMSN / E-mail: swingnifica@gmail.com
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Beijo,
Lê.
Parabéns pelo blog. Gostei bastante! Beijos, Carlota
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