domingo, 12 de julho de 2009

Resistência


Bom, a minha ausência nesse espaço se deu por pura falta de inspiração...

Decidi colocar aqui uma citação do livro Resistência - A história de uma mulher que desafiou Hitler que estou lendo e achando bárbaro... Logo no prefácio (de Marina Colasanti) tem algo muito interessante sobre a condição da "Mulher", gostaria de compartilhar:

"No imediato pós-guerra, uma peça fez sucesso na Itália. Chamava-se Le donne hanno perduto la guerra. Eu não tinha nem dez anos, mas lembro claramente da intensidade com que minha mãe e os adultos a comentavam, e o título gravou-se em mim. As mulheres sempre perdem a guerra. Não a querem, mas a perdem. Perdem quando estão no caminho dos exércitos e se tornam botim. Perdem quando batalham em silêncio nas cidades esvaziadas dos seus homens, para manter sólida a retaguarda e conservar a ordem do país. Perdem quando recebem seus homens num caixão ou quando eles voltam com o equilíbrio despedaçado. Perdem quando se apaixonam pelo inimigo e quando o inimigo se apaixona por elas".

Gostaria de pensar a perda que a mulher tem... O que seria essa perda? Somente de seu homem? Por que perdem a guerra em silêncio quando batalham nas cidades esvaziadas dos seus homens? Parece-me uma visão muito reducionista da mulher olhando num primeiro momento, mas acredito que não foi isso o que a Colasanti quis passar, porém foi isso que senti ao ler esse trecho, por que será? A perda na guerra é eminente com certeza, não só a mulher perde, mas todos nós. A guerra é a coisa mais estúpida que pode existir na terra... Luta pelo poder dominante que fere e mata!!

Outro dia escrevi algo muito pessoal e informal ao responder um e-mail sobre um artigo de Frei Betto (A difícil arte de ser mulher) no qual coloquei uma coisa que fez muito sentido pra mim naquele momento e ao ler esse trecho de Colasanti, lembrei-me imediatamente:

É lamentável olhar para as pessoas e perceber que cada vez mais caminhamos para um mundo onde só o que importa são questões tão pouco ou nada reflexivas (subjetivas)... A mulher não ocupa um lugar de igualdade, e a igualdade que ela busca não é a mesma que a sociedade permite, se é que permite... As coisas são sempre muito veladas e isso me causa um desconforto imenso, mas as questões de gênero podem mudar, afinal acredito na dialética. Quem sabe a cultura (valores) se transforme e tenhamos uma realidade bem diferente algum dia?


O livro fala sobre a história de uma mulher que desafiou Hitler, a historiadora de artes Agnès Humbert, que não se deixou abater pela opressão. Ela relata seus momentos desde a tomada de Paris até o momento no qual ela é liberta... Fascinante... Vale a pena ler!!! Assim como ela, tantos outros nomes foram importantes e de certa forma decisivos nessa parte da história mundial, assim como na nossa história, pois o Brasil também vivia uma época difícil com a ditadura Vargas e logo a censura, onde vários profissionais das mais variadas áreas de atuação sofreram algum tipo de "violência" e/ou foram exilados. Poderíamos simplesmente falar sobre outros pontos fortes da mulher num momento como esse de extrema fragilidade humana, ela é forte e sagás, luta como ninguém para defender seus entes, a mulher sofre, porém não desiste, sonha, tem esperança e isso me faz lembrar outro trecho que li, esse já de Agnès (Humbert, p. 82):

"Fui interrogada pelo promotor, que alegou querer me conhecer antes do julgamento. Fez grandes elogios às mulheres francesas e me disse que, se o Exército francês contasse com mulheres em vez de homens, os alemães jamais teriam entrado em Paris. Minhas lembranças são tão claras que posso escrevê-las seguindo uma ordem rigorosa. Praticamente cada uma dessas páginas está ilustrada com uma imagem bárbara. Muitas mulheres, milhares e milhares de mulheres, viram as imagens que vou descrever".

Contudo o que quero é demonstrar a minha indignação por termos tão poucas mulheres (pessoas) com a força e a determinação dessa mulher que foi a Agnès Humbert, que não desistiu um só minuto de lutar por aquilo em que acreditava, acima de tudo pela liberdade! Porém, fica aqui um exemplo de vida, um exemplo de coragem e acima de tudo um exemplo de mulher!!!!






Para quem quiser:

Resistência: A história de uma mulher que desafiou Hitler; Agnès Humbert; Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

O Prefácio (A silenciosa força das mulheres) é de Marina Colasanti

Boa leitura,
Bye

4 comentários:

  1. Muito interessante esse post...a danúbia me passou esses dias o artigo do frei betto, é muito bom, muito atual também (ontem mesmo eu estava vendo na tv uma mulher querendo disfarçar a sua idade com três plásticas no rosto). Algumas potencialidades acabam morrendo nesse todo. Acho que se perde muito, mas de si mesma.
    Nunca tinha ouvido falar do livro, gostei!

    Beijo,
    Lili

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  2. Legal essa observação sobre a perda de si mesma (potencialidades), concordo, porém acredito que muitas vezes essa perda ocorre por questões culturais, por conta do sistema que é cruel demais!!!
    Bjoks,
    Rê!!

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  3. obrigada. pra falar a verdade, gostei de quase tudo daqui! rs'
    o mais legal é que você pretende ser psicóloga, e eu também.

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  4. Olá Ariadne, como estás?
    Que bom que gosta...
    Me formo agora hein... rsrsrs
    Espero que já esteja trilhando o caminho para ser minha colega de trabalho/profissão!!!
    Bjoks no coração e muita sorte/luz pra vc...
    Rê!!

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